terça-feira, 29 de abril de 2014

BOTA LOUCURA NISSO

BOTA LOUCURA NISSO

28 de abril de 2014 às 19:55
BOTA LOUCURA NISSO

Sobre o artigo "Fragmentos da Loucura",publicado na Folha de S.Paulo neste fim-de-semana, do nosso querido e respeitével professor Miguel Srougi, tenho alguns comentários a fazer.

Em primeiro lugar, enaltecer o brilhante e nobre colega, um dos melhores urologistas do mundo, que tanto enobrece a medicina brasileira e paulista.

Entretanto, penso ser seu texto realmente fragmentário. Faz uma crítica justa sob alguns aspectos ao programa "Mais Médicos" do governo federal. Mas deixa em aberto uma série imensa de débitos da classe médica, consigo mesma, com a medicina em geral, e com a sociedade brasileira.

Se o programa governamental tem fragmentos de loucura, a atuação política da classe médica em prol de si mesma é o amálgama que interconecta esses fragmentos para formar a "massa louca" completa.

Em mais de 30 anos, não conseguimos estabelecer um pacto com os governos que desse dignidade ao trabalho médico no setor publico. Nesse mesmo período, não conseguimos uma relação minimamente decente com o setor privado, estando trabalhando para os planos de saúde em situação análoga à da escravidão.

O modelo conselhal (CFM e CRMs) e seu sistema eleitoral, mais do que falidos em seus modelos de atuação e representatividade. Escolas médicas abrem indiscriminadamente, e que para funcionarem, necessitam da colaboração e aproveitamento de quem? De médicos.

Por último, para ser bem sintético, a onda de ataques pessoais aos colegas cubanos, publicando-se na internet e redes sociais denúncias falsas e verdadeiras, expondo eventuais erros - ainda que grosseiros - com a anuência de entidades que jogaram no lixo o código de ética médica e seus preceitos. Denúncias essas, que jamais foram feitas contra colegas brasileiros, em suas eventuais faltas e deslizes.

Poderia me estender largamente em narrativas das omissões e incompetências da categoria médica como um todo, no plano nacional, estuadual e municipal, mas fico por aqui, apenas a ressaltar que todo texto tem um contexto, e penso, com todo o respeito e sinceridade, que o nobre professor Miguel Srougi, a quem tanto admiro e reverencio, faltou com a completude na sua narrativa, por mais justas e corretas que possam ser suas colocações e angústias.

NN

ABORTANDO O DEBATE

ABORTANDO O DEBATE

21 de abril de 2014 às 09:06
A campanha mal começou, mas Eduardo Campos já deu o tom. Saindo da missa de Páscoa no Santuário de Aparecida, estado de SP, não perdeu a oportunidade de dar a largada invocando a questão do aborto. Declarou-se contra a legalização, reacendendo o debate que paralisou o temário político da eleição presidencial de 2010. Com esta fala, sutilmente ele sinaliza com quem formará suas fileiras, estrategicamente posicionado a duas esquinas da cidade natal de Geraldo Alckmin.

Voto, ele não tem, mas bobo, ele não é. Mas já mostra os dentes e a baba hirdrofóbica que precedem a psicose de sufocar o debate político, adubando e regando os jardins das flores do fáscio.

Nem mesmo o Papa Francisco, em sua fala fiel à lingua de Jesus Cristo, invocando a humanidade a abandonar a obsessão pelos temas compexos ligados a aborto, homossexualismo, entre outros, dando lugar a uma Igreja de portas abertas, ao combate ao desperdício e às imensas desigualdades, é capaz de conter a sanha conservadora e seus oportunistas, como demonstou ser Eduardo Campos.

Pois tolo é quem acredita que ele está preocupado com as vidas ceifadas pelo aborto ou pelas vidas das mulheres que se foram em sofrimento inominável, físico e moral, pela falta de condições de exercer um direito que deveria ser seu, e não regulado pelos instintos teocráticos de qualquer origem ou credo.

Eduardo Campos dá o sinal inaugural do tom de sua campanha, abrindo as portas para os setores mais conservadores e moralistas da sociedade, que usam desavergonhadamente o tema do aborto como isca para atrair os bem-aventurados e bem acomodados, prontos para serem recrutados em uma campanha que pode mais parecer-se com uma cruzada medieval.

A tira-colo, a serpente do mal, a revolucionária que cuspiu no prato que comeu, traindo suas origens e ideário, travestida de ambientalista, exercitando um falatório cuidadosamente arquitedado no mais baixo diversionismo alienante, visto por alguns como coisa nova, como sinal de inovação em política. De fato, Marina Silva tem o PT no DNA e na certidão de nascimento. Ao encantar setores da direita, ela mostra que realmente é capaz de arregimentar os incautos e desconhecedores da história. Pois qualquer pessoa minimamente instruída e treinada em política reconhece com facilidade a toxicidade de certos batráquios.

Como eu disse no último post sobre política, estamos a caminho de perder os dois turnos esta eleição, abortando desde já um debate minimanente útil ao futuro do nosso Brasil.

NN

NOTAS TELEVISIVAS DE UM DOMINGO DE OUTONO

NOTAS TELEVISIVAS DE UM DOMINGO DE OUTONO

28 de abril de 2014 às 07:05
Interessantíssimo contraste ontem à noite. Às 22h, no CAFÉ FILOSÓFICO, TV Cultura, os gigantes Renato Janine Ribeiro e Flavio Gikovate, debatendo sobre desafiantes temas atuais. Como verdadeiros sábios, conduzem a conversa no campo das possibilidades, das análises históricas, filosóficas, teóricas, conceituais. Nada de receitas prontas, ou diagnósticos "precisos", nada de intervencionismos ou invencionismos. Apenas (se é que cabe o termo) reflexões, visões críticas.
Para o contexto atual, eu ressaltaria, da fala do Professor Renato Janine Ribeiro ao definir o "ser ético" como um ser cujas ações são frutos de sua reflexão e elaboração, ainda que por acaso coincidam com os parâmetros normativos vigentes, que ao contrário, não transformariam em ético aquele que simplesmente reproduz cegamente a norma ou valor, atavicamente.
Pelo lado do Dr. Flavio Gikovate, destacaria a clareza com que em algum momento diferenciou-se em sua visão, descrita como tendo o referencial nas relações interpessoais da dimensão do "casal". Muito interessante também o seu resgate freudiano do conceito "narciso-vaidade", como força psíquica nascida no erotismo, distorcido em autoerotismo.
Foi um deleite intelectual, as duas figuras que recebam minha sincera reverência.
(o programa pode ser revisto no site da TV Cultura)
No pólo oposto, o CANAL LIVRE, que entrevistou Aécio Neves. Confesso que não consegui ver até o fim, pois fui vencido pelo sono e pela náusea. O sono, veio por natureza, mas a náusea, definitivamente, provocada por aquele que talvez faça até os ossos de seu avô revirarem no túmulo.
É inconcebível que estando na oposição há 12 anos, e tendo governado o Brasil por 8, o que totaliza duas décadas, o PSDB não consiga produzir um só pensamento, uma só reflexão, tendo como plano a apresentar à nação neste ano eleitoral apenas e exatamente (talvez até menos) do que o receituário neoliberal, tocado em "rotação 78" (só os da minha geração para trás entenderão...) e que sequer teve a vergonha de apresentar a base teórica e ideológica. Qualquer colegial que conheço hoje seria capaz de produzir muito mais em termos de ideologia, análise, reflexão, e talvez até mesmo, humanidade.
Antes que apareça alguém aqui para me chamar de petista, que não sou, já esclareço, que criticar tucano não é a mesma coisa que defender petista, e que se alguém sequer imaginar isso, deve procurar um neurologista, um psicopedagogo, um psicanalista, e um livro de filosofia com ênfase em lógica aristotélica. Sugiro, aliás, nesta ordem.
Mas voltando (e revoltando) ao Sr.Aécio, ele contrasta justamente com tudo aquilo que se extrai do programa que comentei anteriormente, ou seja, pela absoluta falta de visão crítica e analítica, pelo vazio ético, e pelo voluntarismo que chega ao nível do ridículo, se não fosse pelo perigo da proximidade às ideologias e práticas fascistas, levemente amenizadas pelo constante sorrisinho amerelo e carinha de bom moço, e pela loquacidade seca e amputada de qualquer atributo humano mais nobre, denunciando um cérebro pelo menos temporariamente lesado no lobo frontal. Da análise de seu discurso, portanto só resta pó. E um pó bem branco.
NN

ANTES QUE VENHA O HOLOCAUSTO DA RAZÃO

ANTES QUE VENHA O HOLOCAUSTO DA RAZÃO

27 de abril de 2014 às 22:05
Muitas e mais que necessárias as manifestações e lembraças levadas a cabo hoje no mundo inteiro e no Brasil pelo Dia da Lembrança do Holocausto.

Como disse e reforço - mais que justas e necessárias. Entretanto, tenho uma visão crítica sobre tudo o que tenho visto nos últimos anos sobre o assunto.

Na transmissão do conhecimento sobre essa terrível e inominável história, não faltam nomes e pessoas. Hitler, Himmler, Rosenberg, Goebels, Hess, Eichmann, Mengele, Speer, e assim por diante.

Como se tudo o que aconteceu dependesse unicamente da ação dessas pessoas. O que não é verdade.

Não tenho visto nestas manifestações e atividades variadas em torno desse tema, um processo realmente educativo, no sentido da elucidação dos processos políticos, culturais e sociais subjacentes à ascensão do nazismo.

Os métodos e ideologias que fomentaram o nazismo não morreram com o nazismo. Pelo contrário, continuam muito vivas em diversas sociedades, e a nossa, não é exceção. O discurso, a linguagem, o modo de pensamento autoritário, a visão imediatista e parcial praticados por diversos personagens da mídia brasileira reproduzem com abundância e clareza os mecanismos mentais e ideológicos que se adaptariam facilmente à realidade alemã do final da década de 1920, quando o nazismo foi posto à fermentação.

E tudo isso está passando-se ao largo da percepcão de gente que se considera culta e politizada, e que se acha em condições plenas de lembrar as dores do holocausto.

Particularmente, estou perplexo com o que venho vendo nas mídias e redes sociais. Como sempre prefiro ressaltar, não se trata do que se diz ou do que se divulga, mas sim, dos processos mentais que levam à conclusões e assertivas que pululam no universo atual.

Não sei o que vem por aí, mas tenho maus pressentimentos. Por isso, penso que os paradigmas de formulação das atividades em torno da lembrança dolorosa do Holocausto devem ser mudados. Não creio que os métodos, símbolos e formatos atuais estejam realmente educando as atuais gerações.

NN

PESSACH - MENSAGENS ÉTICAS, MORAIS E SOCIAIS

PESSACH - MENSAGENS ÉTICAS, MORAIS E SOCIAIS

Neste momento em que vivemos a festa da libertação, temos o compromisso intrínseco de renovar seus significados para os tempos e locais que vivemos. Renunciar a tal missão, nos outorgaria ao ostracismo do mundo espiritual, que não comporta o imobilismo.

As libertações são possibilidades múltiplas no espectro da existência humana, e o que não faltam, são os exemplos respectivos na narrativa de Pessach.

O personagem central da narrativa bíblica, Moisés, radicaliza este conceito quando rompe com suas origens, renunciando à sua vida de príncipe do Egito, após ter seu coração tocado pela brutalidade com a qual era tratado o escravo. Recebe então, um pesado fardo, o de libertar um povo que de tanto se acomodar na opulência de uma terra rica, terminou por ser escravizado e dominado.

Não obstante seu infinito poder, o Eterno não faz concessões. Suas designações devem operar-se pelas mãos e mentes dos humanos, que onde quer que estejam, tem o seu papel transformador através da auto-transformação. O mundo por Ele criado é o palco mais que suficiente para essas tarefas.

Há muitos "Egitos" no mundo de hoje, muitas pirâmides, faraós, palácios e príncipes. Não seria nada difícil construir uma narrativa semelhante com os elementos presentes na nossa cultura e sociedade.

Entre os Egitos, mitos, ídolos, está um consumismo que aprisiona segmentos de nossa sociedade em análogos da escravidão. Submetidos neste momento a pressões de mídias as mais diversas, milhões de pessoas que amassam o barro de nações, tendo a nossa como ótimo exemplo, encontram prazer e satisfação no consumo de bens supérfluos de altíssimo custo, o que compromete seus orçamentos e sua capacidade de crescer economicamente, de progredir na escala social, em um ciclo mais que perverso. Alimentando a máquina do consumo fútil, transferem sua pouca riqueza àqueles que já são ricos, tornando-os ainda mais ricos e tornando-se ainda mais pobres e endividados.

A estrutura familiar, por sua vez, encontra-se minada e arrasada pela necessidade de trabalho e produção, a consumir tempo e energia de pais e mães, que já não mais conseguem prover o afeto a seus filhos em função de sua carga de trabalho e estresse vivido nos grandes conglomerados urbanos. Fecha-se assim mais uma alça de alimentação deste círculo vicioso. Sucessivamente, formam-se gerações de crianças e adolescentes com todo o tipo de deficiência afetiva e imaturidade emocional, condenados à satisfação de seus instintos pelo consumo compulsivo de qualquer coisa, no que dramaticamente se incluem as drogas, hoje funcionando como verdadeiras pragas bíblicas.

Contribuindo ainda mais ao ciclo, o sistema político produz por sua vez um sistema educacional voltado apenas a formar futuros trabalhadores, mas não pensadores, não líderes, não provedores de afeto, solidariedade, fraternidade, e paz, e muitos sistemas religiosos absorveram a lógica de mercado, espetacularizando, mercantilizando e profanando as heranças espirituais.

Hoje, a Terra Prometida é a paz, tão difícil de ser alcançada, tanto no plano interno das nações como em suas relações entre si. A mensagem que Pessach tem para o momento, não poderia ser mais emblemática: Atravessar o "mar vermelho", comer a Matzá, o pão sem fermento, e peregrinar um pouco pelo deserto, onde estejamos apenas entre nós mesmos e o Eterno, e tentar, desta vez, não repetir o episódio do bezerro de ouro.

Na narrativa bíblica, houve assim o nascimento de um povo livre. No mundo autal, poderíamos fazer nascer um planeta livre.

NELSON NISENBAUM
PESSACH, 5774

quinta-feira, 3 de abril de 2014

PUBLICADO EM 8 DE OUTUBRO DE 2012

Amigas e amigos, infelizmente não fui eleito desta vez, para a alegria de Marcelo Sarti, o homem que mais se diverte com as eleicões onde não sou vencedor. Penso sinceramente que a cidade perdeu uma oportunidade. Algo em torno de 170.000 eleitores ausentaram-se, ou votaram nulos e brancos. com apenas 3% disto eu poderia ser eleito. Então, considero-me derrotado pelos ausentes do debate político e não pelos presentes.

É muito triste ver tanta gente recusando-se a participar da própria história, e da história de sua cidade, de seu estado e de seu país. É muito triste ver tanta gente vítima da falta de educação e cultura política, além de também serem vítimas de uma imprensa que insiste em divulgar as piores notícias da vida política em detrimento das melhores, que não são poucas.

Felizmente, tenho visto muitas das minhas teses vitoriosas, não necessariamente pelas minhas mãos, mas a política é construída pelas influências, muito mais do que pelas vitórias eleitorais. Se o destino me reservar uma vida política de bastidores, debates e ideias somente, aceitarei com humildade e resignação, mas jamais com renúncia às minhas responsabilidades de cidadão e médico.

Por ora, posso me orgulhar de, em minha campanha, não ter sujado as ruas, não ter transformado a orelha das pessoas em pinico, não ter feito barulho e fundamentalmente, de não ter gasto dinheiro. Sim, não gastei nada além do que me foi cedido em material gráfico.

Que São Bernardo, a cidade que amo, continue em sua trilha de progresso, mas que estes 170.000 ausentes, um dia se conscientizem de sua responsabilidade por eventuais insucessos e por tantas fichas sujas (e histórias sujas) da vida política.

Um grande abraço a cada um dos que me ajudaram nesta campanha. Carrego cada um de vocês no meu coração.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A PATOLOGIA DO PODER

Prezados(as),

A entrevista do Ministro Luiz Fux, juiz do STF, publicada neste último domingo, é reveladora de muito mais do que um simples relato biográfico ou de uma carreira. Trata-se de um verdadeiro libelo, uma verdadeira ode à psicopatologia do poder. Mais do que revelar os costumes mais do que conhecidos de nossa combalida república, é reveladora de um conjunto de traç

os de caráter que devem, no mínimo, colocar sob forte suspeição a capacidade deste senhor de ocupar o cargo mais alto do judiciário brasileiro.

Como se compreende claramente pelo conteúdo e tom da entrevista, o ministro revela candidamente a sua obstinação por ocupar tal posto, que o levou a perseguir por anos a fio as personalidades (João Pedro Stédile, Antonio Pallocci, Delfim Neto, Paulo Maluf) supostamente autorizadas para tal indicação, nas quais se inclui o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Independentemente de qualquer juízo que se possa fazer sobre José Dirceu, quando da busca de Luiz Fux por ele, já era notório e mais do que pública e publicada a sua condição de réu na AP 470, vulga "mensalão", o que o entrevistado alega ter desconhecido à época de seu(s) encontro(s). O que em si mesmo, seria imperdoável a um postulante ao cargo que necessariamente enfrentaria em breve em sua condição de juiz supremo. Não se pode levar a sério esta assertiva, sob o risco de nos lançarmos a um oceano de ingenuidade. Alternativamente, é lícito e de bom alvitre supor, em um plúmeo (e não plúmbeo) exercício de intelecto, que o postulante pode, eventualmente, ter transmitido ao então réu uma mensagem tranquilizadora sobre a pesada causa, descrita na entrevista como "matar no peito", quando posteriormente soube da ação, ainda na condição de pedinte. Confessa-se posteriormente "assombrado" com as provas contidas nos autos, que anteriormente "julgava" inexistentes ou inconsistentes.

Ampliando um pouco a visão do caso, podemos sem muito esforço vislumbrar que a quantidade de juízes, juristas, promotores e outros oficiais da lei com capacidade para tal cargo não deve ser tão pequena. Algumas dezenas de mulheres e homens devem, com certeza, já terem prestado grandes serviços jurídicos à nação, independentemente de seus currículos formais ou publicações. Suas respectivas colocações dentro do organograma do poder judiciário e do ministério público certamente não permite que sejam ignorados e rejeitados a priori. Reversamente, é lícito e também de bom alvitre supor, que a "pressão" exercida por Luiz Fux para obter sua indicação e aprovação pode ter sido significativamente maior sob o ponto de vista quantitativo e ainda mais rasteiro, sob o ponto de vista ético, do que permite transparecer a onírica entrevista.

Este é um pequeno apanhado sobre os possíveis significados de todos estes fatos, em muito agravados pelo absoluto silêncio dos grandes comentaristas das grandes mídias, que certamente fuzilariam em horas a reputação de Luiz Fux caso tivesse ele contrariado a fúria condenatória do procurador geral da república e do relator Joaquim Barbosa.

A entrevista é uma expressiva revelação da vulnerabilidade de nossas instituições aos interesses de uma pessoa só, e da tranquilidade que o entrevistado revela diante de fatos que representam a mais refinada forma de corrupção nas entranhas do poder institucional de nossa república.
Some-se a isto, o fato de que o perfil das personalidades escolhidas para interlocução, ou seja, de alinhamento ideológico com o governo petista, que futuramente seria grosseiramente traído, sem qualquer juízo de valor sobre os aspectos jurídicos do caso AP 470. Friamente, os fatos só nos conduzem ao raciocínio de que tendo conquistado o que tanto almejou, a criatura cumpre o destino de liquidar seus criadores.
Particularmente, vejo por trás desta conduta a mais pura expressão de uma personalidade patológica, amoral e fria, de uma pessoa que expõe suas entranhas sem o menor constrangimento, além de exibir um riso quase sardônico a nós, perplexos.

Entendo que a sociedade organizada deve se manifestar veementemente no sentido de exigir a renúncia deste senhor ao seu tão pleiteado cargo, pois seria omisso, de nossa parte como cidadãos, anuir com a presença de tal personalidade ditando os rumos jurídicos da nação.
 
NELSON NISENBAUM