terça-feira, 29 de abril de 2014

NOTAS TELEVISIVAS DE UM DOMINGO DE OUTONO

NOTAS TELEVISIVAS DE UM DOMINGO DE OUTONO

28 de abril de 2014 às 07:05
Interessantíssimo contraste ontem à noite. Às 22h, no CAFÉ FILOSÓFICO, TV Cultura, os gigantes Renato Janine Ribeiro e Flavio Gikovate, debatendo sobre desafiantes temas atuais. Como verdadeiros sábios, conduzem a conversa no campo das possibilidades, das análises históricas, filosóficas, teóricas, conceituais. Nada de receitas prontas, ou diagnósticos "precisos", nada de intervencionismos ou invencionismos. Apenas (se é que cabe o termo) reflexões, visões críticas.
Para o contexto atual, eu ressaltaria, da fala do Professor Renato Janine Ribeiro ao definir o "ser ético" como um ser cujas ações são frutos de sua reflexão e elaboração, ainda que por acaso coincidam com os parâmetros normativos vigentes, que ao contrário, não transformariam em ético aquele que simplesmente reproduz cegamente a norma ou valor, atavicamente.
Pelo lado do Dr. Flavio Gikovate, destacaria a clareza com que em algum momento diferenciou-se em sua visão, descrita como tendo o referencial nas relações interpessoais da dimensão do "casal". Muito interessante também o seu resgate freudiano do conceito "narciso-vaidade", como força psíquica nascida no erotismo, distorcido em autoerotismo.
Foi um deleite intelectual, as duas figuras que recebam minha sincera reverência.
(o programa pode ser revisto no site da TV Cultura)
No pólo oposto, o CANAL LIVRE, que entrevistou Aécio Neves. Confesso que não consegui ver até o fim, pois fui vencido pelo sono e pela náusea. O sono, veio por natureza, mas a náusea, definitivamente, provocada por aquele que talvez faça até os ossos de seu avô revirarem no túmulo.
É inconcebível que estando na oposição há 12 anos, e tendo governado o Brasil por 8, o que totaliza duas décadas, o PSDB não consiga produzir um só pensamento, uma só reflexão, tendo como plano a apresentar à nação neste ano eleitoral apenas e exatamente (talvez até menos) do que o receituário neoliberal, tocado em "rotação 78" (só os da minha geração para trás entenderão...) e que sequer teve a vergonha de apresentar a base teórica e ideológica. Qualquer colegial que conheço hoje seria capaz de produzir muito mais em termos de ideologia, análise, reflexão, e talvez até mesmo, humanidade.
Antes que apareça alguém aqui para me chamar de petista, que não sou, já esclareço, que criticar tucano não é a mesma coisa que defender petista, e que se alguém sequer imaginar isso, deve procurar um neurologista, um psicopedagogo, um psicanalista, e um livro de filosofia com ênfase em lógica aristotélica. Sugiro, aliás, nesta ordem.
Mas voltando (e revoltando) ao Sr.Aécio, ele contrasta justamente com tudo aquilo que se extrai do programa que comentei anteriormente, ou seja, pela absoluta falta de visão crítica e analítica, pelo vazio ético, e pelo voluntarismo que chega ao nível do ridículo, se não fosse pelo perigo da proximidade às ideologias e práticas fascistas, levemente amenizadas pelo constante sorrisinho amerelo e carinha de bom moço, e pela loquacidade seca e amputada de qualquer atributo humano mais nobre, denunciando um cérebro pelo menos temporariamente lesado no lobo frontal. Da análise de seu discurso, portanto só resta pó. E um pó bem branco.
NN

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