terça-feira, 29 de abril de 2014

ABORTANDO O DEBATE

ABORTANDO O DEBATE

21 de abril de 2014 às 09:06
A campanha mal começou, mas Eduardo Campos já deu o tom. Saindo da missa de Páscoa no Santuário de Aparecida, estado de SP, não perdeu a oportunidade de dar a largada invocando a questão do aborto. Declarou-se contra a legalização, reacendendo o debate que paralisou o temário político da eleição presidencial de 2010. Com esta fala, sutilmente ele sinaliza com quem formará suas fileiras, estrategicamente posicionado a duas esquinas da cidade natal de Geraldo Alckmin.

Voto, ele não tem, mas bobo, ele não é. Mas já mostra os dentes e a baba hirdrofóbica que precedem a psicose de sufocar o debate político, adubando e regando os jardins das flores do fáscio.

Nem mesmo o Papa Francisco, em sua fala fiel à lingua de Jesus Cristo, invocando a humanidade a abandonar a obsessão pelos temas compexos ligados a aborto, homossexualismo, entre outros, dando lugar a uma Igreja de portas abertas, ao combate ao desperdício e às imensas desigualdades, é capaz de conter a sanha conservadora e seus oportunistas, como demonstou ser Eduardo Campos.

Pois tolo é quem acredita que ele está preocupado com as vidas ceifadas pelo aborto ou pelas vidas das mulheres que se foram em sofrimento inominável, físico e moral, pela falta de condições de exercer um direito que deveria ser seu, e não regulado pelos instintos teocráticos de qualquer origem ou credo.

Eduardo Campos dá o sinal inaugural do tom de sua campanha, abrindo as portas para os setores mais conservadores e moralistas da sociedade, que usam desavergonhadamente o tema do aborto como isca para atrair os bem-aventurados e bem acomodados, prontos para serem recrutados em uma campanha que pode mais parecer-se com uma cruzada medieval.

A tira-colo, a serpente do mal, a revolucionária que cuspiu no prato que comeu, traindo suas origens e ideário, travestida de ambientalista, exercitando um falatório cuidadosamente arquitedado no mais baixo diversionismo alienante, visto por alguns como coisa nova, como sinal de inovação em política. De fato, Marina Silva tem o PT no DNA e na certidão de nascimento. Ao encantar setores da direita, ela mostra que realmente é capaz de arregimentar os incautos e desconhecedores da história. Pois qualquer pessoa minimamente instruída e treinada em política reconhece com facilidade a toxicidade de certos batráquios.

Como eu disse no último post sobre política, estamos a caminho de perder os dois turnos esta eleição, abortando desde já um debate minimanente útil ao futuro do nosso Brasil.

NN

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