BOTA LOUCURA NISSO
28 de abril de 2014 às 19:55
BOTA LOUCURA NISSOSobre o artigo "Fragmentos da Loucura",publicado na Folha de S.Paulo neste fim-de-semana, do nosso querido e respeitével professor Miguel Srougi, tenho alguns comentários a fazer.
Em primeiro lugar, enaltecer o brilhante e nobre colega, um dos melhores urologistas do mundo, que tanto enobrece a medicina brasileira e paulista.
Entretanto, penso ser seu texto realmente fragmentário. Faz uma crítica justa sob alguns aspectos ao programa "Mais Médicos" do governo federal. Mas deixa em aberto uma série imensa de débitos da classe médica, consigo mesma, com a medicina em geral, e com a sociedade brasileira.
Se o programa governamental tem fragmentos de loucura, a atuação política da classe médica em prol de si mesma é o amálgama que interconecta esses fragmentos para formar a "massa louca" completa.
Em mais de 30 anos, não conseguimos estabelecer um pacto com os governos que desse dignidade ao trabalho médico no setor publico. Nesse mesmo período, não conseguimos uma relação minimamente decente com o setor privado, estando trabalhando para os planos de saúde em situação análoga à da escravidão.
O modelo conselhal (CFM e CRMs) e seu sistema eleitoral, mais do que falidos em seus modelos de atuação e representatividade. Escolas médicas abrem indiscriminadamente, e que para funcionarem, necessitam da colaboração e aproveitamento de quem? De médicos.
Por último, para ser bem sintético, a onda de ataques pessoais aos colegas cubanos, publicando-se na internet e redes sociais denúncias falsas e verdadeiras, expondo eventuais erros - ainda que grosseiros - com a anuência de entidades que jogaram no lixo o código de ética médica e seus preceitos. Denúncias essas, que jamais foram feitas contra colegas brasileiros, em suas eventuais faltas e deslizes.
Poderia me estender largamente em narrativas das omissões e incompetências da categoria médica como um todo, no plano nacional, estuadual e municipal, mas fico por aqui, apenas a ressaltar que todo texto tem um contexto, e penso, com todo o respeito e sinceridade, que o nobre professor Miguel Srougi, a quem tanto admiro e reverencio, faltou com a completude na sua narrativa, por mais justas e corretas que possam ser suas colocações e angústias.
NN