quinta-feira, 5 de agosto de 2010

FHC, IMPOSTOS E LINGUÍSTICA

Caros leitores e leitoras,

A afirmação de FHC publicada no CLIQUEABC de 05 de agosto corrente, onde diz que "todo imposto é ruim, senão não se chamaria imposto", é, seguramente, das mais infelizes. De fato, na nossa língua e cultura, com forte herança inquisitorial, patrimonialista, coronelista, paternalista - as que o ex-presidente parece ainda estar ligado - aquilo que é a mais pura e verdadeira substância da vida em sociedade democrática tem mesmo este nome feio. Mas justamente pela herança cultural e política arcaica. Nesta visão, essa substância fundamental pode ser mantida e cultivada como moeda de discurso populista e desqualificado. Na cultura americana, por exemplo, o nome (em inglês) é tax (ou simplesmente taxa), Particularmente, não acho imposto ruim, embora concorde que a estrutura tributária do Brasil tem muito a evoluir na sua forma. Sempre insisto na tese de que o nosso país tem muito a crescer em suas estruturas de estado - educação, sáude, justiça, segurança, etc. - e isto só se faz com a arrecadação de um lado e as estratégias de governo de outro. Assim, aquilo que em nossa cultura é tratado como imposição, na cultura democrática civilizatória representa tão somente uma condição, cujo nome e discriminação deve ter a finalidade de informar o cidadão de sua própria condição, conscientizando-o permanentemente do seu papel como agente social, papel este aparentemente rejeitado pelo ilustre professor doutor.

NELSON NISENBAUM

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