sábado, 5 de dezembro de 2009

Caros amigos,

O comentário de Merval Pereira que foi ao ar hoje na CBN (veja no site http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/merval-pereira/MERVAL-PEREIRA.htm, data de hoje) é um daqueles exemplos em que fica difícil decidir se é um caso de estreiteza, ingenuidade, ou de má fé. O presidente Lula afirmou com todas as letras que é favorável a um programa nuclear pacífico do Irã. Ou seja, não aprova o uso bélico. Disse que Os EUA e a Rússia não tem moral para discutir o assunto. Alguma duvida? O Brasil tem, sim, muito mais moral para isso, pois está na constituição brasileira esta renúncia. Logo, o presidente Lula é o melhor interlocutor para esta questão com o Sr. Ahmadinejad. Mas o Sr. Merval Pereira preferiu gastar o seu tempo em tentar nos convencer do erro do presidente Lula ao fazer este tipo de discurso, "na contramão" do mundo, mas só nos convence mesmo de sua miopia. Até o menos experimentado negociador, sabe que para que se construa acordos e compromissos, o princípio fundamental é o da confiança entre as partes. Portanto, não se construirá confiança se não houver sinalizações mínimas de que é possível uma mínima identidade de idéias. Estes sinais se dão através do discurso. E o discurso do presidente é: uso pacífico, sim, uso bélico, não. Exatamente como nós brasileiros fazemos. Aliás, não somos tão bonzinhos como quis dizer o Sr.Merval. As inspeções das agências internacionais jamais alcançaram o nosso mais que secreto método de enriquecer urânio, genuinamente brasileiro, digno de inveja.

Reclama o Sr. Merval que os EUA estão propondo um programa de redução de 80% de seu arsenal nuclear. Que bom! Ao invés de poder destruir 100 vezes o planeta Terra, ficarão só com 20. Nada contra os EUA. Mas para lidar com malucos como Ahmadinejad é preciso paciência e estratégia, ou então transforma-se o Irã em mais um Iraque e mais um Afeganistão.

É muito pouco provável que o presidente Lula esteja fazendo tudo isso sozinho. O mundo o reconhece como liderança, e o próprio Ahmedinejad também o faz. Portanto, "amarrar" o Irã em uma relação independente com o Brasil é sem dúvida nenhuma uma boa oportunidade de melhorar a "qualidade" do Irã enquanto vizinho neste planeta. Quanto mais amarras com países pacifistas, melhor. A iniciativa do presidente não significa apoio às políticas belicistas de Ahmadinejad, como insiste, sofismaticamente, o Sr. Merval. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como se diz coloquialmente. O presidente Lula faz um discurso claro, conciso, transparente, e para um bom entendedor, meia palavra basta. Jamais pronunciou qualquer palavra de apoio às idéias insanas do iraniano, em qualquer contexto.


Por fim, o Sr. Merval Pereira vaiou sozinho o presidente Lula. Lá, no assim dito primeiro mundo, todos respeitaram as suas idéias, e segundo consta, foi aplaudido de pé na Alemanha hoje. Por que será?

NELSON NISENBAUM

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