domingo, 26 de julho de 2009

O PRESIDENTE LULA SABE O QUE FALA

Caros amigos,
Quando o presidente Lula "defende" José Sarney, e pede respeito à biografia de investigados, ele sabe muito bem o que está falando. Por mais que possam-se torcer os narizes aos odores do noticiário político recente, na realidade não há nada de recente. A história é muito antiga. A diferença é que hoje sabemos mais dos mesmos. Sarney, senado, câmara, assembléias legislativas, câmaras de vereadores, e outras coisas, fazem parte de nossa democracia, de nossa história, de nosso processo evolutivo. Tomando Sarney como exemplo, com suas décadas de predomínio na política nacional, quais foram as práticas e preceitos que levaram este senhor a todos os cargos que já ocupou em sua extensa biografia? Quantas vezes foi este senhor questionado pelos seus pares, pela imprensa, pela sociedade em geral? O que fez José Sarney diferente de ACM, Jader Barbalho, Renan Calheiros, entre outros? Parece-me que muito pouco. Isto que chamamos e pensamos como corrupção nada mais é do que a vida diária e trivial para eles.
Quando o presidente fala em biografias, fala com a autoridade de quem teve a própria biografia literalmente "esculachada" durante quase toda a sua vida política. E fala com a autoridade de um reconhecido líder mundial que é hoje. Longe de qualquer ressentimento, quer promover o respeito à vida pessoal e à história política de cada um, embora tenha tido a sua própria verdadeiramente linchada.
Ninguém haverá de concordar ou apoiar o espírito patrimonialista que norteia nossos políticos. Mas ninguém haverá de negar que isto não é novidade, e que a sociedade sempre tratou o assunto com a devida leniência e certa cumplicidade, característica cultural mais que bem conhecida e tratada nos meios acadêmicos. Entretanto, dentro e apesar de todo esse mundo "corrupto", temos o valor maior que é a liberdade de expressão, liberdade política, e instituições que vem evoluindo ao longo das últimas duas décadas. Em suma: vivemos em um país melhor do que tínhamos há 10 ou 20 anos atrás. Que manifestem-se aqueles cuja vida piorou, em um balanço geral dos últimos 20 anos. Coisas da democracia.
Quando os rompantes de moralismo atropelam a biografia do cidadão, é a própria democracia que está em risco. Vimos isso em 1964 e pagamos por isso até hoje. Quando o presidente pede respeito, pede na realidade que não se julgue a pessoa apenas pelos seus erros, mas que também examinem-se seus acertos. É simples assim. Deputados, senadores, vereadores, governadores, todos respondem a verdadeiros vulcões de pressão política dos vários segmentos que representam ou que são por eles sustentados. Assim é o jogo, sempre foi e sempre será. Não é bonito nem limpo.
O que o presidente quer, é que se apure e se julgue corretamente, mas sem violência barata, sem banalizações, sem reducionismos. Pede respeito à história, à nossa história. Fala com a autoridade de quem vai entregar um país melhor do que recebeu. E para entregar ao sucessor ou sucessora de seu desejo, tem que defender as forças políticas que o sustentam. É assim aqui, é assim nos EUA, na Alemanha, na Suíça e no Japão. O presidente sabe o que fala.

Um comentário:

  1. Esse é o caminho, Nelson. Não podemos perder a capacidade de nos indignar.

    ResponderExcluir